domingo, 6 de setembro de 2009

Idéias de Michel Rolland.Você concorda?


Outra entrevista interessante que trago aqui , é a de Michel Rolland na Bon Vivant.Ele faz considerações no mínimo curiosas.Por isso tem muita gente que considera o Flywinemaker Polêmico.
BV:Como assessor da Miolo há seis anos,faça uma avaliação de seu trabalho nesse período?
MR:Procuramos, nesse tempo ,melhorar tudo,desde o vinhedo até o produto final.Hoje ,chegamos ao vinho Sesmarias,porque há seis anos não existia um produto deste nível.
BV:Então o sr acha que o sesmarias foi o melhor vinho que a Miolo elaborou neste período?
MR:Sim, mas amanhã vamos fazer um ainda melhor.
BV:Em Julho de 2005,durante apresentação do projeto da Miolo na campanha gaúcha,o senhor disse que não era possível designar o panorama de produção de vinhos no Brasil.Hoje 4 anos depois,qual sua opinião sobre o assunto?
MR:Um pouco melhor ,mas não muito .Porque não é assim tão rápido construir uma história de vinhos num país.Tem que seguir trabalhando.Um dia o Brasil vai existir como produtor de bons vinhos.Mas necessita tempo.Claro que hoje há também muitas empresas que trabalham melhor do que trabalhavam há anos .Mas ainda tem muito o que se fazer.
BV:As vinícolas do Vale dos Vinhedos ,do qual a Miolo faz parte ,buscam um Denominação de Origem.Para isso,já existe uma regulamento,que define ,por exemplo, que para os tintos só poderão ser utilizadas as variedades Merlot,Cabernet Sauvignon,Tannat e Cabernet Franc.Qual é sua opinião sobre a utilização dessas variedades?
MR:Penso que o Merlot tem muito potencial nesta região.Mas não entendo o porque de uma região estar buscando um DO.Na França,por exemplo,há muitas DOC,até porque fomos nós que inventamos.Mas quantas DOC a França possui?O que quer dizer uma DOC?Nada!No Brasil,vai ser igual.Então ,por que gastar energia por nada?Não quer dizer nada ,porque as pessoas não sabem o que é.Por que fazer algo que ninguém conhece?O mundo inteiro está na mesma tonteira.
BV:Mas o senhor acha então que os franceses ,quando vão comprar um vinho,não observam se ele possue um selo de qualidade?
MR:Em princípio ,havia 50,hoje são mais de 450.Eu mesmo ,se perguntar ,não conheço todas as indicações geográficas.Pode ser que 85% de Merlot seja muito bom,mas o que quer dizer isso se em algum ano o Merlot não alcança a qualidade necessária?É pura tonteira .É satisfação pessoal de algumas pessoas.Nada a ver com a qualidade.Nada.Penso que agora terei novamente problemas no Brasil(risos).
BV:O senhor se refere aos problemas que enfrentou quando opinou sobre vinhos de mesa,enfatizando que esse produto não era vinho?Sobre isso,o senhor mudou sua opinião?
MR:Desculpe,não conheço.Não estou provando(risos).Sim,minha opinião é a mesma.Acho que o mercado está falando por si.
BV:E qual sua percepção atual sobre o vinho brasileiro?
MR:Está melhorando dia a dia ,mas há muito o que acertar,em todos os sentidos.Tem muito o que fazer ,desde o vinhedo .Ainda não há um personalidade.
BV:Os brasileiros tem investido no mercado externo.Em suas andanças mundo afora ,o senhor tem visto ou bebido vinhos brasileiros?
MR:O Brasil não existe no mercado mundial.Não é um produtor de vinho.A imagem dos vinhos do Brasil não existe.Tem ainda que se trabalhar.Exportar é sempre uma boa ideia.
BV:Se o senhor fosse hoje um empresario do setor de vinhos ,proprietário de uma vinícola,o senhor acha que poderia "viver de vinhos"?
MR:Viver somente de vinhos?Há uma piada na França assim:"Sabe como fazer uma pequena fortuna com vinhos?Comecando com uma grande fortuna".Pode-se viver de vinhos se vc tem uma empresa grande ,como a Miolo,por exemplo.Eu não vivo de vinhos,vivo de assessoria,mas tenho 200 ha de vinhedos.Creio que quem tem poucos has de vinhedos e vende vinhos, sobrevive-mas não vive.
Fonte:Bon Vivant,Andréia Debon

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